VAMOS FAZER ALGO PARA O NOSSO BASQUETE? - OPINIÃO

SOS, OU MELHOR: SOB (SALVE NOSSO BASQUETE) 

            Ao longo deste ano de 2012, fiz algumas coberturas de jogos das categorias de base e a cada jogo é uma história; cada atleta, sua história; e como é bom ouvir os garotos e sentir a verdadeira essência do amor ao basquete. Sonhos de um futuro arremessando todos os seus sonhos para a cesta; chegar à seleção brasileira; jogar profissionalmente; e tantos sonhos e maneiras de declarações verdadeiras de amor ao  basquete.

            Foi iniciado o ciclo olímpico Rio 2016 e até agora, nada foi feito para este ciclo, a não ser algumas grandes obras e bem rentáveis. Basta voltar um pouco na história, na Alemanha de Hitler, construiu grande estádio e obras suntuosas, o tirano ditador alemão que pretendia dominar o mundo, teve que se render, dentro de sua própria casa, aos grandes atletas de países que investiam no esporte.

            Vendo o nosso futebol onde um atleta de alto nível, ganha mais do que uma equipe de basquete,  igualmente, de alto nível.

            Agora voltado ao nosso basquete, terminado mais uma temporada, eu me senti um tanto apreensivo depois de tantas declarações de amor ao basquete, de nossos jovens atletas e principalmente, aqueles que estão no final da categoria juvenil, uma vez que existe um enorme abismo entre a categoria juvenil e a adulta no que se refere ao número de equipes. E o pior que isso vem se arrastando há tempos. Quando na memorável conquista maior do nosso feminino, o titulo de campeão mundial em 1994, naquele mesmo ano, o campeonato paulista teve a participação de CINCO equipes! Apenas CINCO.

            Parece até inacreditável isso ter acontecido e o pior está nos dias hoje, veja estes dados fornecidos pela Federação Paulista de Basquete, como parâmetro, uma vez que São Paulo tem o campeonato regional mais tradicional do país:  

EQUIPES PARTICIPANTES POR CATEGORIA ( FEMININO)

1. EQUIPES PARTICIPANTES POR CATEGORIA (Masculino)

            E no Brasil todo, a situação não é muito diferente, em Minas, muitas categorias de base, um torneio estadual, que é um dos maiores do país, que é o JIMI, mas quando chega ao adulto, meia dúzia, quando muito é o número de equipes participantes.

            Sem falar que existem estados, que nem possuem seu campeonato adulto.

            São números para ser estudado e quem sabe, já neste ano, alguma coisa possa ser feito de melhor, um programa, um planejamento ou mesmo uma campanha para existir mais equipes na categoria adulta; a base é tudo, mas  precisamos das equipes adultas, como espelho.

            Autoridades, educadores, governantes e todos os segmentos de nossa sociedade, vamos investir mais no basquete (e nos esportes, em geral), e investir no esporte não é só construir praças de esportes, mas principalmente investir no ser humano, nesta criança de hoje que será um grande cidadão amanhã e quem sabe, trazendo muitas conquistas para nosso país.

            RELATOS & RELATOS

            Agora, vou passar uma coletânea de maravilhosos relatos que possam ajudar nossas autoridades a mudar a cara do nosso baquete, iniciando já em 2013.

            Os relatos abaixo, são de pessoas de diferentes segmentos da nossa sociedade, mas todos com um denominador em comum: O VERDADEIRO AMOR AO BASQUETE, e que procuram soluções e clamam por uma mudança para melhor, e o nosso basquete merece isso.

• “Fim de Ano e o velho Fantasma da dúvida na cabeça das Atletas sobre o próximo ano. Categoria Infanto ( Sub-17 ) são 12 Equipes, e as meninas nascidas em 1995 no próximo ano já serão Juvenil ( Sub-19 ) no entanto só existem 06 Equipes na Federação ou seja, muitas Atletas irão parar de jogar por falta de equipes, ou porque precisam trabalhar ou até mesmo para Fazer uma Faculdade em Cidades que não há Equipes de Basquete.”

“Triste mesmo a nossa Presidenta preocupada com o Novo Treinador da Seleção de Futebol e o Ministro dos Esportes preocupado em convocar a Torcida do time dele a ir ao estádio, e assim o Esporte Amador fica sempre em segundo plano.”

“ Isso é um problema bem sério no que diz respeito às participações da iniciativa privada no patrocínio de equipes do basquetebol, certo que a hegemonia de influência do futebol também é fator de se levar em consideração, porém, o basquete é um esporte campeão mundial também”

“ Lastimável! Um estado do tamanho de São Paulo, e veja bem: não estamos falando do Brasil, somente de um estado; e temos apenas 6 equipes para formar atletas paras as futuras seleções. Como podemos falar em sediar os Jogos Olímpicos”

“ Realmente é muito difícil , ninguém liga, o ano está por terminar , mais um ano e uma grande incerteza, não sabemos se vamos continuar no ano que vem ,pois dependemos da prefeitura , a política é quem resolve” .

“Talvez o esporte fosse mais valorizado se tivesse bolsa atleta ao inves de bolsa escola, bolsa gás etc...e se todas as universidades dessem bolsa para atletas com nível escolar bom e com algum nível de talento esportivo, igual nos Estados Unidos, mas acho que vai demorar um pouco pra chegarmos lá...”

“ Tudo seria mais fácil se desde cedo fosse pratico nas escolas até a universidade, minha filha iniciou em 2007 e de lá pra cá já vi tantas meninas de talento desistirem, porque mudaram de cidade, gravides precoce, os Pais precisam que ajudem nessa formação”

“ Trabalho a trinta anos como professora de Ed. física, agora que aposentei montei este projeto com o basquete pois antes não podia deixar de dar aulas pra me sustentar, não ganho nada , as vezes até tenho que por do meu bolso para poder continuar, os poucos técnicos que conheço na categoria de base na sua maioria só tem equipes por teimosia e são tratados com descaso pela própria federação ou liga.”

“ Há muito vivencio essa realidade, como técnico de basquete. Trabalhei em 3 estados, RS, SP por um ano e depois em SC e, a realidade é a mesma. SP que é o estado mais forte por conta de patrocínios também carece de muita ajuda”

“ Isso só nos entristece, porque daqui a bem pouco tempo seremos palco da festa mundial dos jogos e muita coisa fica de lado nesses momentos. Um pais Olímpico é feito dessas pessoas que precisam de cuidados, de atenção, carinho e respeito e nem sempre são valorizadas”

 “Infelizmente o Basquete vive de Pessoas e Prefeituras abnegadas que fazem o que podem pelo esporte” 

 “Hoje em dia é muito difícil, termos equipes de basquete feminino principalmente, que consigam manter uma equipe a médio e longo prazo que é por aí que se consegue formar atletas, pois uma empresa privada se interessa, por um ou dois anos depois acaba, é corriqueiro.”

“  Acho que nos falta uma política que vincule o esporte às escolas e, principalmente, às Universidades. Dessa forma poderíamos ter nossos atletas em idade escolar estudando e praticando seu esporte. É uma política a ser construída.”

“ isso é um grave problema, e não vem de agora...há 10 anos eu parei de jogar por esse mesmo motivo, uma grande frustração ter que parar de jogar...mas, acho que o problema vem da falta de mídia e do desinteresse dos municipios!!! “

 “Isso é um problema bem sério no que diz respeito às participações da iniciativa privada no patrocínio de equipes do basquetebol, certo que a hegemonia de influência do futebol também é fator de se levar em consideração, porém, o que ainda acredito ser o principal problema é o fato de não haver investimento necessário no esporte de uma forma geral, ainda mais o basquetebol que não é considerado ( mas que deveria ser) um esporte de tradição nacional. O capitalismo está mais preocupado em formar "peças" de maquinário braçal, do que incentivar pessoas à buscar um sonho, que no caso seria jogar basquete.”

“As famílias das atletas também não apoiam muito, se o povo resolvesse valorizar mais o esporte certamente tudo seria diferente, mais a maioria acredita que quem pratica esporte é vagabundo não tem interesse em trabalhar, mas nós sabemos quanto temos que trabalhar. O quanto o atleta tem que ser disciplinado para superar a si próprio. Os pais não ligam se os filhos passam a noite na balada, nem sabem se bebem , fumam ou outras coisas, mas se dedicam boa parte do seu tempo livre praticando esporte , tem algo errado com seu filho...”

“ se desde cedo fosse pratico nas escolas até a universidade, minha filha iniciou em 2007 e de lá pra cá já vi tantas meninas de talento desistirem, porque mudaram de cidade, gravides precoce, os Pais precisam que ajudem em casa, lamentável e triste, as poucas equipes que existem que tiro o chapéu pra elas porque tentam fazer de tudo pelas atletas, mas infelizmente são poucas, aqui em São Paulo Capital na categoria Juvenil não temos nenhuma equipe, só em Osasco, Sto André, Americana, Pindamonhangaba, São José, Jundiaí, poucas equipes.”

 “muito vivencio essa realidade, como técnico de basquete. Trabalhei em 3 estados, RS, Sp por um ano e depois em SC e, a realidade é a mesma. SP que é o estado mais forte por conta de patrocínios também carece da continuidade a partir da categoria juvenil. SC com a política de joguinhos abertos, até 18 anos, ainda se mantém por conta do investimento das prefeituras. O esporte no estado é municipalizado e, só joga federação quem obtém patrocínio de empresas. No RS existe uma promessa de reformulação na política esportiva devendo levar alguns anos para obter algum resultado. Isto posto, existe um funil que se estreita muito à partir do infanto juvenil. Massifica-se o basquete até os 15 anos e depois, se o atleta não conseguir sobressair em dois anos, está praticamente sem opções para jogar. As federações não se importam em criar alternativas para solucionar essa evasão. Na maioria delas, o campeonato adulto é realizado com pouquíssimas equipes. No feminino nem se fala. Lutei muito, tive mt bons resultados mas, sempre, baseado na iniciativa própria, de sacrifício e contando com a ajuda de pais, formando associações e, acima de tudo, carecendo que outros abnegados fizessem o mesmo para manter a competição e interesse. É uma realidade muito triste mas as federações, governos estaduais e municipais tem todas as condições de reformular e estruturar a continuidade esportiva. Basta deixar de roubar e buscar satisfazer só seus interesses mesquinhos, de usar o esporte como ponte para enriquecimento, interesse político e benefícios pessoais. tem mais.....para outra hora.”

“ Um pais Olimpico é feito dessas pessoas que precisam de cuidados, de atenção, carinho e respeito e nem sempre, ou melhor, quase sempre ficam de lado por falta de investimento. Fica sempre meu desejo da criação de um Organismo Olímpico que de fato possa gerir seus recursos com transparência e cuidado psicológico para com atletas como essas que, sem futuro a vista, perdem o sentido da vida de esportista.”

 “Algo deveria ser feito também pela Federação ou Confederação para criar bolsas de estudo por um lado e estimular a prática do basquete feminino em todo o país por outro lado... Sabemos como funciona... O dinheiro serve para tudo menos para aquilo que deveria servir.”

“Eu como jogadora que fui desde os meus 14 anos, onde comecei no Centro Educacional de Pirituba, ,posso apenas aqui comentar que a situação não mudou em nada...não se tem apoio, patrocínio..um país que só valoriza o futebol..jamais outros esportes conseguem sobreviver se não tiverem grandes técnicos, patrocínios, e atletas que podem se dedicar sómente ao esporte que praticam ..hoje é o caso do Volei Masc/Fem...que traz alegrias e grandes conquistas..O que acontece é que nossos bons atletas não sobrevivem do basquete, elas precisam estudar, porque a carreira é curta e não há faculdade que patrocine essas atletas..e também como sobreviver com sua vida pessoal..é muito difícil..A única coisa que aconselho as atuais atletas..nunca troquem seus estudos, pelo basquete..porque ele não vai te dar o futuro que vocês almejam..nem a profissão que escolherem..as minhas ex integrantes da seleção, na época fizeram a opção pelo basquete..e hoje..sofrem e trabalham muito e muito...”

Quero agradecer a todas essas pessoas, que omiti seus nomes, cujos relatos, tornaram minha matéria bem melhor do que eu poderia escrever e vocês já estão ajudando muito, com esclarecimentos lúcidos e de muita experiência.

            Só esperamos das nossas autoridades competentes, que façam algo de melhor para o nosso basquete.