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28/03/2016

MEMÓRIA OLÍMPICA: O BRONZE HISTÓRICO EM TÓQUIO 1964

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Rio de Janeiro – O esporte começava a virar coisa séria e o reconstruído Japão se preparava para despontar, enquanto o mundo vivia sob a forte tensão da ameaça nuclear. Esse era o panorama de 1964, ano em que a cidade de Tóquio sediou a primeira edição dos Jogos Olímpicos da história da Ásia, entre 10 e 24 de outubro. Para o Brasil, faltou bem pouco para passar absolutamente despercebido e sem sequer figurar no quadro de medalhas. Quem salvou a delegação nacional, composta por 68 atletas, sendo apenas uma mulher, foi a geração talentosa do nosso basquete, que chegou ao segundo bronze consecutivo – atrás, outra vez, de Estados Unidos e União Soviética. A Seleção Brasileira, bicampeã mundial, contava com os cuidados do presidente da CBB, Almirante Paulo Meira, e do técnico Renato Brito Cunha na conquista da única medalha do Brasil da 18ª Edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.

“Nunca vou esquecer essa medalha porque foi a única da delegação brasileira nos Jogos de 1964. Eu tinha sido assistente técnico do Kanela (Togo Renan Soares) na Olimpíada de Roma, em 1960, quando conquistamos o bronze. E também já tinha sido técnico da Seleção em alguns jogos. Não tivemos problemas porque eu tinha gabarito para assumir a função. O único problema era que nosso treinamento havia sido sacrificado. Só consegui reunir o time todo lá no Japão para aplicar meu estilo de jogo e a equipe apresentou um pouco de irregularidade por causa do pouco treinamento. Mas a derrota no primeiro jogo para o Peru (58 a 50) fez o time seguir o caminho certo. Eram todos bons jogadores, inteligentes, responsáveis e que tinham total noção da responsabilidade do que era disputar uma Olimpíada”, relembrou o comandante brasileiro em 1964.

Brito Cunha, aos 90 anos, recorda com orgulho da campanha final daquele 23 de outubro de 1964.

“Também acho que poderíamos ter feito a final contra os Estados Unidos. Perdemos da Rússia nos detalhes, mas prefiro falar das vitórias, da partida contra a Iugoslávia, em que vencemos por 68 a 64, e depois contra Porto Rico por 76 a 60. Desse jogo lembro que os poucos jornalistas brasileiros que estavam lá em Tóquio não acreditavam que poderíamos vencer. Eles ficaram presos no resultado dos porto-riquenhos contra os Estados Unidos, uma derrota por um ponto, e chegaram a divulgar notícias que o bronze era de Porto Rico”, contou.

O ex-técnico da Seleção Brasileira também destaca que aquela seleção cheia de estrelas contou com dois outros jogadores fundamentais na conquista da medalha. 

“O Edvar Simões acabou com o armador de Porto Rico e marcou como ninguém naqueles Jogos. E o Jatyr, com sua categoria, foi fundamental no ataque, especialmente nas vitórias contra a Iugoslávia e Porto Rico. E, assim, o basquete brasileiro trouxe a única medalha para o Brasil nos Jogos de Tóquio”, finalizou.

Cada passo naquela quadra fazia o coração acelerar e o joelho bambear. Não era o cansaço que tomava conta do corpo, mas a ansiedade. De volta a outubro de 1964, Jatyr Eduardo Schall, uma das estrelas daquela equipe de basquete, não se esquece dos momentos importantes. 

“Na Olimpíada de Tóquio, mesmo o basquete sendo bicampeão mundial, todas as fichas em medalhas eram para o futebol, que havia levado uma equipe muito boa, inclusive com Gérson, o canhotinha de ouro. Mas quem deu medalha foi nossa equipe. Aquela conquista foi muito bacana. Poderia ter sido prata, mas o bronze foi aonde conseguimos chegar. O ouro era impossível de ganhar, pois os Estados Unidos levaram uma grande seleção e muitos jogadores foram profissionalizados logo em seguida pela NBA”, lembrou o ex-ala.

A Seleção Brasileira foi a segunda colocada no grupo “B”, perdendo para os Estados Unidos. Na disputa pelo terceiro lugar, o Brasil derrotou Porto Rico. A Seleção era respeitadíssima internacionalmente e disputava com União Soviética e Iugoslávia, a segunda posição no cenário mundial, sendo os americanos absolutos. O bronze não era a cor que o time esperava, mas o tropeço na partida contra o Peru não permitiu que fosse além. Amaury Pasos era um dos líderes da equipe e admite até hoje que não ficou conformado com a medalha de bronze. 

“Faltou algo mais porque sabíamos que a medalha de prata era possível. Fizemos até um jogo muito bom contra a Rússia na semifinal, mas perdemos por seis pontos (53 a 47). Foi uma partida incrível porque conseguimos jogar com igualdade de condições contra os jogadores russos. Ficamos na frente do marcador, mas perdemos a chance de brigar pelo ouro nos pequenos detalhes, no fim do jogo. Tivemos que brigar pelo bronze contra Porto Rico (76 a 60) e ganhamos”, destacou Amaury.

18º JOGOS OLÍMPICOS 
Local: Tóquio - Japão 
Data: 11 a 23 de outubro de 1964

Delegação do Brasil 
Amaury Antonio Pasos (94pts / 9 jogos), Antonio Salvador Sucar (37pts / 9j), Carlos Domingos Massoni "Mosquito" (39pts / 9j), Carmo de Souza "Rosa Branca" (51pts / 8j), Edson Bispo dos Santos (33pts / 9j), Friedrich Wilhelm Braun "Fritz" (11pts / 5j), Jatyr Eduardo Schall (35pts / 8j), José Edvar Simões (16pts / 4j), Sérgio Toledo Machado "Sérgio Macarrão" (8pts / 6j), Ubiratan Pereira Maciel (87pts / 9j), Vitor Mirshauswka (56pts / 9j) e Wlamir Marques (128pts / 9j). Técnico: Renato Brito Cunha. 

Campanha do Brasil 
Brasil 50 x 58 Peru
Brasil 68 x 64 Iugoslávia
Brasil 92 x 65 Coréia do Sul
Brasil 61 x 54 Finlândia
Brasil 80 x 68 Uruguai
Brasil 53 x 86 Estados Unidos 
Brasil 69 x 57 Austrália
Semifinal
Brasil 47 x 53 União Soviética
Disputa do bronze
Brasil 76 x 60 Porto Rico

Classificação final 
1º- Estados Unidos; 2º- União Soviética; 3º- Brasil; 4º- Porto Rico; 5º- Itália; 6º- Polônia; 7º- Iugoslávia; 8º- Uruguai; 9º- Austrália; 10º- Japão; 11º- Finlândia; 12º- México; 13º- Hungria; 14º- Canadá; 15º- Peru; 16º- Coréia do Sul.

Fonte: CBB

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