NOTÍCIAS

25/04/2016

MEMÓRIA OLÍMPICA: OSCAR SCHMIDT, O “MÃO SANTA”

.:: conteudo_26256_1.jpg ::.

Rio de Janeiro – Oscar Daniel Bezerra Schmidt é um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos. Defendeu a Seleção Brasileira por 24 anos e disputou cinco Olimpíadas (Moscou/1980, Los Angeles/1984, Seul/1988, Barcelona/1992 e Atlanta/1996). Ao longo de 32 anos de carreira, alcançou a marca de 49.737 pontos, o que lhe rendeu o apelido de “Mão Santa”. 

“Me sinto feliz ter podido fazer tudo que fiz pelo meu país. Sou muito patriota. Ter jogado 24 anos na Seleção Brasileira, sendo 20 no adulto e quatro no juvenil, é o maior orgulho da minha carreira. O dia em que eu parei de jogar foi um dia duro. Ser reconhecido após tantos anos sem jogar é um motivo de orgulho mesmo. É muito reconfortante saber que o brasileiro gosta muito de mim. O apelido “Mão Santa” veio depois que os jornalistas Álvaro José e Juarez Araújo descobriram que no México havia um jogador fenomenal chamado Arturo Guerreiro, que era chamado de ‘Mano Santa’. Então eles disseram que se no México tem o ‘Mano Santa’, nós temos o ‘Mão Santa’. Virou um apelido que o Brasil inteiro reconhece. Acho legal. Só que a mão não tem nada de santa. É muito treino”, disse Oscar.

Na Olimpíada de Moscou (1980), Oscar marcou 169 pontos e ajudou o Brasil a conquistar o quinto lugar. Em 1984, Oscar Schmidt participou novamente dos Jogos, desta vez em Los Angeles. Apesar do bom desempenho do atleta, a Seleção Brasileira ficou na nona posição. Na Olimpíada de Seul (1988), o jogador sagrou-se cestinha do torneio, mas o Brasil ficou novamente em quinto lugar. Oscar nunca conquistou uma medalha olímpica, mas terminou como cestinha em três edições. 

“Olimpíada é uma coisa muito séria para qualquer atleta. Tive o prazer de disputar cinco delas. A primeira Olimpíada é um negócio diferente. Ainda mais por ter sido em Moscou, nos tempos da Cortina de Ferro. Você via o sofrimento do povo russo, que não tinha medo de falar, era uma coisa que dava asfixia. A primeira foi importantíssima, inesquecível, mas a melhor de todas foi a de Seul. Primeiro porque nosso time tinha chances reais de ganhar uma medalha a até mesmo a Olimpíada. Não ganhamos porque subestimamos a Espanha. Lembro que o Marcel me perguntava “Oscar, quem é o melhor jogador da Espanha?” e eu respondia “O Epifânio, Marcão, Monteiro...” e ele respondia “Não, Oscar. O melhor jogador deles é o Brabenda, que era auxiliar técnico deles”. Nós subestimamos isso e perdemos. Errei um arremesso decisivo, que até hoje sonho com esse erro. A derrota nos tirou a chance de medalha. Mas esta Olimpíada marcou uma era bonita dessa Seleção, que jogou junta de 1985 a 1992. Conseguimos as primeiras colocações em todas as competições que disputamos. E no ano da Olimpíada de Seul tive o melhor ano da minha vida na Seleção Brasileira”.

A boa atuação nos Jogos de Los Angeles (1984) fez com que o New Jersey Nets, da NBA, se interessasse pelo ex-atleta. Caso fosse contratado, Oscar não poderia mais jogar pela seleção nacional, então optou por não jogar na Liga Americana.

“Se eu jogasse um jogo sequer na NBA, eu seria considerado profissional. A FIBA ainda era considerada amadora na época, da mesma forma que as seleções. Se jogasse um minuto, teria que ficar o resto da vida fora da Seleção. Foi uma escolha muito fácil de fazer. Eu sempre falei não, recusei todas as vezes que me convidaram. E fico muito feliz, principalmente após a vitória no Pan de Indianápolis (1987) sobre os Estados Unidos dentro do país deles. Aquilo me faz ganhar dinheiro até hoje. Faço palestras sobre aquela vitória. Quando você ganha algo que parece ser impossível com a Seleção Brasileira, fica marcado para sempre”, declarou Oscar.

Nos Jogos de Seul, o “Mão Santa” anotou 338 pontos, 55 em uma única partida contra a seleção da Espanha, estabelecendo mais um recorde nos Jogos Olímpicos. A carreira de Oscar continuou deslanchando, o atleta quebrando novos recordes e ganhando diversos títulos. O ex-ala é atualmente o recordista em participações olímpicas, além de ter marcado mais cestas de três pontos, de dois pontos e lances livres. Ele também é o jogador com mais minutos jogados em Olimpíada e o que marcou mais pontos em um jogo olímpico da modalidade. O ex-jogador possui ainda mais um recorde que é o de mais lances livres, com 196 marcados consecutivamente em um treino da Seleção Brasileira. Foram 49.737 pontos em toda sua carreira, sendo 7.693 com a camisa verde-amarela. Segundo Oscar, o maior sucesso é conquistado a partir do momento em que a pessoa se prepara para isso.

“Sou produto de treinamento. Treine muito, mas muito mesmo, e quando estiver bem cansado, treine mais um pouquinho porque esse pouquinho vai te fazer melhor. Ninguém me deu esse conselho, mas descobri logo no começo que é necessário. Todas treinam muito porque sabem que é necessário”.

Ídolo de grandes jogadores da história, inclusive do jogador Kobe Bryant, o Hall da Fama de Springfield, em Massachusetts, nos Estados Unidos, fez uma publicação citando os 100 maiores jogadores da história. Nesse livro constam somente cinco jogadores não americanos e Oscar é um deles. “Mão Santa” foi eternizado no Hall da Fama em setembro de 2013.

“Sempre sonhei em estar aqui. Quero agradecer a minha família, ao Marcel, que jogou comigo em Indianápolis, aos treinadores Boscha, Claudio Mortari, que ganhava tudo, e ao Ary Vidal. Estar aqui me lembra da vitória de 87. Batemos os americanos dentro da casa deles. Não há nada melhor do que receber esse prêmio. Sonhei com isso a vida toda”, relembra Oscar.

Uma das maiores estrelas do basquete mundial e indiscutivelmente um ídolo nacional, anunciou sua aposentadoria da Seleção Brasileira após a disputa da quinta posição dos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996). O Brasil perdeu para a Grécia por 91 a 72 e ficou na sexta posição. Oscar garante que sua última participação ficará para sempre em sua memória.

“Guardo para sempre na memória meu último jogo pela Seleção Brasileira. Foi uma emoção doída, uma angústia. Pensava ‘nunca mais vou jogar pela Seleção’, era uma violência com o meu coração. É para sempre”, contou.

Oscar Schmidt sente prazer em poder afirmar que ainda vive diariamente com conquistas em sua vida, mesmo após a aposentadoria. A maneira positiva com que vem levando a vida também se enxerga na postura confiante em relação ao desempenho que a Seleção Brasileira Masculina pode alcançar nos Jogos Rio 2016.

“Se o time estiver completo, ganharemos medalha. Sem dúvida. Com todos eles jogando junto, temos muita chance”, declarou Oscar. “Esse time é forte. Incompleto ele tem muitos problemas, mas quando está completo, joga bem contra qualquer outro time do mundo. Sem baixas, teremos um ótimo time disputando a Olimpíada e que provavelmente ganhará medalha”, finalizou o ídolo.

Nome CompletoOscar Daniel Bezerra Schmidt

PosiçãoAlaData de Nascimento16/02/1958

NaturalidadeNatal (RN)

Altura2,05

Clube que começouPalmeiras (SP

)Último ClubeFlamengo (RJ) / 2003

Clubes em que jogouPalmeiras (SP), Sírio (SP), Caserta (Itália), Pavia (Itália), Forum/Valladolid (Espanha), Corinthians (SP), Bandeirantes (SP), Barueri (SP) e Flamengo (RJ).

Principais Resultados

Pela seleção:

- Jogos Olímpicos
. 5º lugar em Moscou (União Soviética - 1980) - 169pts/7 jogos
. 9º lugar em Los Angeles (EUA - 1984) - 169pts/7 jogos
. 5º lugar em Seul (Coréia - 1988) - 338pts/8 jogos
. 5º lugar em Barcelona (Espanha - 1992) - 198pts/8 jogos
. 6º lugar em Atlanta (EUA - 1996) - 219pts/8 jogos

- Torneio Pré-Olímpico das Américas
. 6º lugar (Porto Rico - 1974)
. 4º lugar (Porto Rico - 1980) - 110pts/6 jogos
. campeão (Brasil - 1984)
. campeão (Uruguai - 1988) - 240pts/8 jogos
. 3º lugar (EUA - 1992) - 188pts/6 jogos
. 3º lugar (Argentina - 1996) - 275pts/10 jogos

- Campeonato Mundial
. 3º lugar (Filipinas - 1978) - 194pts/10 jogos
. 8º lugar (Colômbia - 1982) - 126pts/6 jogos
. 4º lugar (Espanha - 1986) - 310pts/10 jogos
. 5º lugar (Argentina - 1990) - 284pts/8 jogos

- Copa América – Pré-Mundial
. 3º lugar (México - 1989)

- Jogos Pan-Americanos
. medalha de bronze em San Juan (Porto Rico - 1979) - 146pts/9 jogos
. medalha de ouro em Indianápolis (EUA - 1987) - 249pts/7 jogos

- Campeonato Sul-Americano
. campeão (Chile – 1977) - 62pts/8 jogos
. vice-campeão (Argentina – 1979) - 121pts/6 jogos
. vice-campeão (Uruguai - 1981) - 96pts/5 jogos
. campeão (Brasil – 1983) - 105pts/6 jogos
. campeão (Colômbia - 1985) - 164pts/7 jogos
__________________________

Pelos clubes:

- Campeonato Mundial
. campeão (Sírio - 1979)

- Campeonato Sul-Americano
. campeão (Sírio - 1979)

- Copa da Itália
. campeão

- Campeonato Italiano Série A-2
. bicampeão

- Campeonato Nacional
. vice-campeão (Flamengo - 2000)

- Campeonato Carioca
. campeão (Flamengo - 1999)

- Campeonato Paulista
. campeão (1977, 1979 e 1996)

Título mais importante

A conquista do Mundial Interclubes pelo Sírio (SP) e a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos

Principais Resultados

Pelos clubes como assistente - campeão do Nacional (Telemar - 2005).

Momento inesquecível

A conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987 (Indianápolis/EUA).

Mensagem aos iniciantes no basquete

Estudem e treinem bastante. Sem treino, você não chega a lugar algum. Sem estudo, você não é nada.

Fonte: CBB

    • Você é nosso visitante número
      17.770.423

    • FOTOS & FOTOS

    • MARCOS DO CARMO

      Chua Marcos