MEMÓRIA OLÍMPICA: BRASIL É BRONZE EM SYDNEY 2000

Rio de Janeiro – O Brasil nunca havia chegado para uma Olimpíada com tantos favoritos como nos 27º Jogos Olímpicos de Sydney em 2000. As mulheres brilharam, tanto ou mais que os homens. No basquete, a Seleção Brasileira Feminina conquistou o bronze nos Jogos de Sydney, a sua segunda medalha olímpica consecutiva – a primeira foi em Atlanta 1996. Entre os fatores decisivos para o resultado positivo estão a união e superação da equipe da capitã Janeth Arcain.
"Essa medalha teve um gostinho especial de ouro. Passamos por momentos difíceis, mas superamos tudo com muita união. Essa foi uma geração de jogadoras vencedoras e que deram muito orgulho ao basquete brasileiro", relembrou Janeth.
A jogadora foi a principal cestinha da competição e a segunda melhor média de pontos em todo o torneio. Somou 164 pontos em oito jogos e teve média de 20,5 por partida. Sem a presença de Magic Paula e da rainha Hortência, a ex-ala tornou-se ainda a principal jogadora da equipe. Mas nada disso impressionou mais do que a conquista do bronze.
"Desde a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana (Cuba/1991), o Brasil estava sempre entre os melhores. Éramos uma geração que estava sendo renovada e muito unida. Fazíamos muitas brincadeiras com as novatas, que buscavam o lanche da noite. Ficávamos em dois apartamentos com seis atletas em cada, mas sempre nos reuníamos para conversar sobre a importância de estar lá e até onde desejávamos chegar. Aquela medalha representou muito para o nosso basquete”, disse Janeth, que também foi o destaque nas roubadas de bola, com média de 1,8 por jogo, além de aparecer na lista de lances livres como a quarta melhor de pontaria, com aproveitamento de 81,1%.
Após uma primeira fase irregular, quando o Brasil perdeu para a Austrália (81 a 70), França (73 a 70) e Canadá (61 a 60), a equipe se recuperou ganhando da Rússia, nas quartas de final, por 68 a 67, com uma cesta da pivô Alessandra Santos no último segundo do jogo.
"Formamos uma geração vencedora e essa foi a medalha da superação. Provamos que tínhamos condições de manter o basquete brasileiro entre os melhores do mundo. E continuamos no alto do pódio com muita união", pontuou Alessandra, decisiva no confronto contra a Coréia. Nessa partida, a ex-pivô anotou 26 pontos, oito deles na prorrogação, e pegou 16 rebotes.
Na semifinal, as brasileiras perderam para a Austrália (64 a 52) e foram para a disputa do bronze contra a Coréia do Sul. A seleção venceu na prorrogação por 84 a 73 (65 a 65 no tempo normal) e ficou com a terceira colocação.
"Toda hora tinha alguma jogadora entre a minha pele e o meu macaquinho (tipo do uniforme usado pelas jogadoras de basquete). Lembrei a todas que se ganhássemos da Rússia, iríamos estar entre as quatro melhores. Uma derrota nos levaria para a decisão de quinto ao oitavo. Eu estava com muita confiança na vitória e acho que consegui passar essa força para as meninas. Eu ficava o tempo inteiro gritando para elas que a medalha era nossa. E chamei a responsabilidade para mim”, relembra Janeth.
Para o técnico da Seleção Feminina, Antônio Carlos Barbosa, a conquista da medalha de bronze por esta nova geração do basquete feminino manteve o Brasil entre as maiores potências do mundo. Barbosa atribuiu a conquista da medalha em Sydney à força do grupo.
"Perdemos duas importantes jogadoras, Paula e Hortência, mas ganhamos uma nova geração também vencedora. Era preciso montar a equipe voltada para o conjunto. Foi isso que fizemos. Essa medalha deu ainda mais credibilidade ao basquete feminino brasileiro. E paciência foi a palavra-chave para conseguirmos essa medalha de bronze", pontuou Barbosa.
Sob o comando do treinador, a equipe nacional volta a disputar os Jogos Olímpicos, desta vez em casa, no Rio de Janeiro, de 6 a 21 de agosto. Janeth, capitã da última grande conquista feminina, desejou sorte ao grupo.
“Depois de tantos anos, ainda consigo me lembrar da festa que fizemos para comemorar dentro da vila olímpica. São memórias como essas que ficam e são eternas. Estávamos muito felizes e foi a minha segunda medalha olímpica. Desejo para as meninas que vão disputar os Jogos Olímpicos do Rio que elas vivam eternamente este momento”, disse Janeth Arcain.
Os Jogos de Sydney marcaram a despedida de uma das jogadoras mais importantes do basquete brasileiro. A ex-pivô Marta Sobral anunciou sua última competição pela seleção aos 36 anos.
A seleção feminina dos Estados Unidos conquistou o bicampeonato olímpico, após bater a Austrália por 76 a 54 na final disputada no ginásio Super Dome de Sydney. Foi a quarta medalha de ouro do basquete feminino americano, a segunda consecutiva. A Austrália conquistou a prata e a sua primeira medalha no basquete olímpico.
27º JOGOS OLÍMPICOS
Local: Sydney – Austrália
Data: 16 a 30 de setembro de 2000
Delegação do Brasil
Adriana Aparecida dos Santos, Adriana Moisés Pinto “Adrianinha”, Alessandra dos Santos de Oliveira, Cíntia Silva dos Santos “Tuiú”, Cláudia Maria das Neves “Claudinha”, Helen Cristina dos Santos Luz, Ilisaine Karen David “Zaine”, Janeth dos Santos Arcain, Kelly Silva dos Santos, Lilian Cristina Gonçalves, Marta de Souza Sobral e Silvia Andréa dos Santos Luz “Silvinha”. Técnico: Antonio Carlos Barbosa.
Campanha do Brasil
Brasil 76 x 60 Eslováquia
Brasil 70 x 81 Austrália
Brasil 82 x 48 Senegal
Brasil 70 x 73 França (63 x 63 no tempo normal)
Brasil 60 x 61 Canadá
Brasil 68 x 67 Rússia
Brasil 52 x 64 Austrália
Brasil 84 x 73 Coréia do Sul (65 x 65 no tempo normal)
Classificação final
1º- Estados Unidos; 2º- Austrália; 3º- Brasil; 4º- Coréia do Sul; 5º- França; 6º- Rússia; 7º- Eslováquia; 8º- Polônia; 9º- Cuba; 10º- Canadá; 11º- Nova Zelândia; 12º- Senegal.
Fonte:CBB