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23/06/2015

MEMÓRIAS DO PAN: BARBOSA, TÉCNICO RECORDISTA DE PARTICIPAÇÕES

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Rio de Janeiro, RJ – Ao todo são 50 anos de carreira como técnico e 30 anos na seleção brasileira com muitos desafios e conquistas. Essa é a história de Antônio Carlos Barbosa, o técnico recordista com um total de cinco participações na história dos Jogos Pan-Americanos. Barbosa comandou o Brasil na conquista da medalha de prata no Rio de Janeiro (Brasil/2007), no bronze em Caracas (Venezuela/1983) e em Santo Domingo (República Dominicana/2003), além da quarta posição em San Juan (Porto Rico/1979) e em Winnipeg (Canadá/1999). Foram duas fases distintas no comando da equipe nacional, sendo a primeira entre 1976 e 1984.

"Na verdade meu primeiro Pan foi como assistente técnico do Waldyr Pagan, em 1971, e conquistamos o título. Foi uma surpresa porque não esperava o convite do Waldyr. Eu tinha apenas 26 anos e só era mais velho do que duas jogadoras, Elzinha Pacheco e Odila Camargo. Foi um trabalho com atletas que eram referências para mim. Fizemos uma bonita campanha e fomos bicampeões", relembrou Barbosa. "Em 1976 veio o convite para assumir. Em 1979, em San Juan, comandei meu primeiro Pan-Americano. Vencemos na estreia, mas tivemos na sequência uma derrota para o Canadá que foi difícil de ser digerida (102 a 83). A nossa equipe passava por uma total renovação e somente quatro jogadoras haviam disputado um Pan-Americano, o de 1975 na cidade do México. Havíamos ficado em quarto lugar. Estávamos vindo do Campeonato Mundial da Coréia e tínhamos ficado muito tempo fora de casa. Nessa época o formato do Pan era diferente para administrar, pois não íamos apenas para nossos jogos e voltávamos para casa. Éramos obrigados a ficar o período todo. A Vila em Porto Rico era distante e sem muitos recursos. O resultado foi a quarta colocação e tivemos que ficar até o final", completou.

Mas na próxima edição do campeonato as brasileiras voltariam a recuperar um lugar no pódio. O Brasil conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos em Caracas (Venezuela/1983).

"Vencemos Porto Rico na estreia (95 a 66) e depois fomos enfrentar os Estados Unidos. A equipe jogou bem e a Hortência anotou cerca de 60 pontos naquela partida, mas acabamos perdendo (107 a 92). Ela jogou um absurdo. O mesmo aconteceu depois contra Cuba, um jogo que perdemos fazendo muito ponto (106 a 95). Na disputa do bronze mais uma vez uma disputa emocionante contra as canadenses. Nesse jogo, o último ataque era nosso e a Hortência fez a cesta da vitória. O fato mais legal da competição é que tínhamos um poder de ataque muito grande de um time que estava em processo de desenvolvimento e que tinha acabado de conquistar a quinta posição no Campeonato Mundial do Brasil. A equipe era muito baixa e sofríamos muito com os rebotes defensivos. Foi muito bom e saímos com o bronze", declarou.

Desde que o treinador voltou ao comando pela segunda vez, entre 1996 e 2007, todas as equipes comandadas por Barbosa ficaram entre as quatro primeiras do mundo. 

"Se antes a equipe era renovada, dessa vez além de ser renovada existia a WNBA para nos preocuparmos. Praticamente quem havia disputado os Pans anteriores não estava lá em 1999. Alessandra e Claudinha estavam na WNBA e do Pan de 1991 somente a Adriana Santos estava no grupo. Daquela geração de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta (Estados Unidos/1996), não tínhamos muitas jogadoras disponíveis. A equipe era muito renovada com jogadoras como Kelly, Lilian, Adrianinha e Leila, que acabou se lesionando. Finalizamos a primeira fase em primeiro lugar. Foi excelente. Na estreia contra Cuba estávamos perdendo por 20 pontos, conseguimos virar e acabamos saindo com a vitória. Outro fato legal de destacar é que perdemos para o Canadá na última bola, por falta de maturidade do grupo. Foi uma geração muito boa que conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos no ano seguinte", disse.

Segundo Barbosa, fatos estranhos marcaram a edição de 2003 dos Jogos Pan-Americanos em Santo Domingo (República Dominicana/2003).

"A primeira é que mais uma vez a competição batia com a temporada da WNBA. Então, fomos sem Janeth e Claudinha, mas contamos com Alessandra, Cintia e Adrianinha. Nas duas primeiras partidas saímos com vitórias, contra o Canadá (62 a 53) e Argentina (86 a 43). Depois perdemos para os Estados Unidos (77 a 64), mas ganhamos das dominicanas (102 a 44). Na semifinal perdemos um jogo complicado para os Estados Unidos na prorrogação (75 a 69 e 62 a 62 no tempo normal). A história desse jogo é que em houve um erro do cronômetro e a mesa colocou um ponto a mais para os americanos. Quem nos alertou foi a jornalista Glenda Kozlowski, da Rede Globo, que estava lá cobrindo a competição. O João Nunes, nosso preparador físico, que fazia a estatística durante a partida, confirmou o erro deles. Brigamos, mas não voltaram atrás. Teríamos ganhado aquela partida por um ponto, mas como teve empate fomos para a prorrogação. Na disputa do bronze, ganhamos das canadenses (57 a 46) e subimos mais uma vez no pódio. Poderíamos ter ido mais longe se não fosse o erro dos mesários", contou o treinador.

Nos Jogos do Rio de Janeiro (Brasil/2007), Barbosa comandou a equipe nacional na conquista da medalha de prata.

"Nos Jogos do Rio, mais uma vez tivemos problemas de calendário, que bateu com o do Campeonato Mundial Sub-21 da Rússia e da WNBA. Ou seja, fiquei sem a geração que estávamos renovando e as jogadoras Érika de Souza e Iziane Marques que estavam nos Estados Unidos. Elas sempre foram bastante receptivas à seleção, mas naquele ano não puderam vir. Conseguimos no espírito trazer a Adrianinha, que largou a WNBA para defender o Brasil no Pan. Ficamos também sem Helen Luz, Cintia Luz e Alessandra Santos que já haviam se despedido da seleção. Quem acompanhava basquete não acreditava na seleção dos Estados Unidos, diziam que era um time fraco, mas na verdade era muito forte. Elas trouxeram a Angel McCoughtry, MVP da WNBA. Fizemos um grande campeonato e as jogadoras brasileiras eram muito valentes. Na final contra as americanas, podíamos ter a nossa consagração, mas nos saímos bem. Fizemos um grande Pan com as jogadoras que tínhamos disponíveis. Se uma jogadora faria falta para a seleção, imagina quatro. Tenho muito orgulho das meninas e dessa conquista. 

Hoje, com 70 anos, Barbosa relembra de sua despedida nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. A derrota para os Estados Unidos por 69 a 66 marcou a despedida do técnico e da ala Janeth Arcain.

"Era uma situação inevitável que tinha que acontecer. Mas esperava que fosse no encerramento do ciclo olímpico, pós Jogos de Pequim (China/2008). Lamentei muito isso, mas cumpri minha missão no comando do Brasil. O Paulo Bassul com certeza era o nome daquele momento. A escolha foi muito boa. Na primeira fase com a seleção brasileira (de 1976 a 1984), comparando seria como uma terra devastada, pois o basquete feminino estava sem jogadoras. A renovação da seleção adulta estava sendo feita com a Martha Sobral, de 16 anos, a Hortência Marcari, de 17, e a Maria Paula, de 14. A segunda foi menos traumática porque pudemos mesclar a geração que estava chegando com a que estava se despedindo, mas em contra partida as experientes jogavam cerca de oitenta por cento do tempo. Ou seja, as mais novas que eram das mesmas posições dessas atletas que não jogavam. Ficavam no banco e treinavam apenas. O que não é suficiente para dar rodagem e experiência para uma jogadora. Mas minhas missão foi bem cumprida. E a despedida com muito carinho e calor humano do carioca. Sai desse último desafio muito confortado e realizado", finalizou Barbosa.

Entre as outras conquistas de Barbosa estão também a medalha de bronze no Jogos Olímpicos de Sydney (Austrália/2000) e o primeiro título em uma Copa América/Pré-Mundial (Brasil/1997). 
JOGOS PAN-AMERICANOS DE SAN JUAN (PORTO RICO)
Data: 2 a 14 de julho de 1979 

Delegação do Brasil 
Cristina Punko (102pts / 6 jogos), Hortência de Fátima Marcari (132pts / 6j), Ione Moreira Zambrana Silva (6pts / 2j), Márcia Perecin (0pt / 2j), Maria Paula Gonçalves da Silva (76pts / 6j), Maria Teresa Boscariol (2pts / 3j), Maria de Fátima Zavaris (4pts / 1j), Marina Elizabeth Jurado (18pts / 5j), Solange Maria de Castro (4pts / 3j), Suzete Pereira da Silva (96pts / 6j), Thelma de Nazareth de Pina Guimarães (6pts / 5j) e Vânia Somaio Teixeira (85pts / 6j). Técnico: Antônio Carlos Barbosa. 

Campanha do Brasil 
Brasil 108 x 71 Bolívia 
Brasil 83 x 102 Canadá 
Brasil 112 x 91 México 
Brasil 85 x 81 Porto Rico 
Brasil 70 x 74 Cuba 
Brasil 73 x 111 Estados Unidos 

Classificação final 
1º- Cuba; 2º- Estados Unidos; 3º- Canadá; 4º- Brasil; 5º- México; 6º- Porto Rico; 7º- Bolívia.


JOGOS PAN-AMERICANOS DE CARACAS (VENEZUELA) 
Data: 14 a 29 de agosto de 1983 

Delegação do Brasil 
Ana Maria Krabbenborg, Daisy Ferreira Mendes, Elisa Garcia, Hortência de Fátima Marcari (164pts / 5j), Maria Angélica Gonçalves da Silva "Branca", Maria Paula Gonçalves da Silva (104pts / 7j), Marta de Souza Sobral, Solange Maria de Castro, Soraya Begliomini Brandão, Suzete Pereira da Silva, Vanda Rinalda Dal Col e Vânia Somaio Teixeira. Técnico: Antônio Carlos Barbosa. 

Campanha do Brasil 
Brasil 95 x 66 Porto Rico 
Brasil 92 x 107 Estados Unidos 
Brasil 83 x 81 Canadá 
Brasil 95 x 106 Cuba 
Brasil 101 x 61 Venezuela 

Classificação final 
1º- Estados Unidos; 2º- Cuba; 3º- Brasil; 4º- Canadá; 5º- Venezuela; 6º- Porto Rico. 

JOGOS PAN-AMERICANOS DE WINNIPEG (CANADÁ) 
Data: 30 de julho a 7 de agosto de 1999 

Delegação do Brasil 
Adriana Aparecida dos Santos (99pts / 7 jogos), Adriana Moisés Pinto "Adrianinha" (40pts / 7j), Cíntia Regina dos Santos Luz (77pts / 7j), Helen Cristina dos Santos Luz (115pts / 7j), Ilisaine Karen David "Zaine" (11pts / 6j), Kelly da Silva Santos (63pts / 7j), Leila de Souza Sobral (66pts / 7j), Lilian Cristina Lopes Gonçalves Lopes (22pts / 6j), Patrícia Mara da Silva (21pts / 5j), Rosângela Aparecida Pereira (0pt / 2j) e Roseli do Carmo Gustavo (21pts / 4j). Técnico: Antônio Carlos Barbosa. 

Campanha do Brasil 
Brasil 84 x 78 Cuba (dia 30)
Brasil 124 x 68 República Dominicana (31) 
Brasil 70 x 59 Canadá (1/8)
Brasil 77 x 72 Estados Unidos (2)
Brasil 67 x 65 Argentina (3)
Brasil 54 x 56 Canadá (5) – Semifinal
Brasil 59 x 85 Estados Unidos (7) – Disputa do bronze

Classificação final 
1º- Cuba; 2º- Canadá; 3º- Estados Unidos; 4º- Brasil; 5º- Argentina; 6º- República Dominicana.

JOGOS PAN-AMERICANOS DE SANTO DOMINGO (REPÚBLICA DOMINICANA) 
Data: 2 a 9 de agosto de 2003 

Delegação do Brasil 
Adriana Moisés Pinto "Adrianinha" (82pts / 7 jogos), Alessandra Santos Oliveira (80pts / 7j), Cíntia Silva dos Santos “Cíntia Tuiú” (67 pts / 7j), Jacqueline Godoy (15pts / 5j), Jucimara Evangelista Dantas “Mamá” (9pts / 3j), Kelly da Silva Santos (45pts / 7j), Lilian Cristina Lopes Gonçalves (46pts / 7j), Micaela Martins Jacintho (61pts / 7j), Renata Santos Oliveira (9pts / 2j), Silvia Andrea dos Santos Luz “Silvinha” (67pts / 7j), Soeli Garvão Zakrzeski “Ega” (8pts / 3j) e Vivian Cristina Lopes (30pts / 7j). Técnico: Antônio Carlos Barbosa. 

Campanha do Brasil 
Brasil 62 x 53 Canadá (dia 2)
Brasil 86 x 43 Argentina (3)
Brasil 64 x 77 Estados Unidos (4) 
Brasil 102 x 44 República Dominicana (5)
Brasil 79 x 70 Cuba (6)
Brasil 69 x 75 Estados Unidos / 62 x 62 no tempo normal (8) – Semifinal
Brasil 57 x 46 Canadá (9) – Disputa do bronze

Classificação final 
1º- Cuba; 2º- Estados Unidos; 3º- Brasil; 4º- Canadá; 5º- Argentina; 6º- República Dominicana.

JOGOS PAN-AMERICANOS DO RIO DE JANEIRO (BRASIL) 
Data: 20 a 24 de julho de 2007 

Delegação do Brasil
Adriana Moisés Pinto "Adrianinha" (72pts / 5 jogos), Graziane de Jesus Coelho (4pts / 5j), Ísis de Melo Nascimento (2pts / 1j), Janeth dos Santos Arcain (86pts / 5j), Jucimara Evangelista Dantas “Mamá” (14pts / 5j), Karen Gustavo Rocha (21pts / 5j), Kelly da Silva Santos (57pts / 5j), Micaela Martins Jacintho (87pts / 5j), Palmira Cristina Marçal (7pts / 3j), Patrícia de Oliveira Ferreira “Chuca” (0pt / 1j), Soeli Garvão Zakrzeski “Ega” (29pts / 5j) e Tatiana Castro Conceição (12pts / 2j). Técnico: Antonio Carlos Barbosa.

Campanha do Brasil 
Brasil 81 x 69 Jamaica (dia 20)
Brasil 88 x 44 México (21)
Brasil 77 x 63 Canadá (22)
Brasil 79 x 60 Cuba (23) – Semifinal 
Brasil 66 x 69 Estados Unidos (24) – Final

Classificação final 
1º- Estados Unidos; 2º- Brasil; 3º- Cuba; 4º- Canadá; 5º- Colômbia; 6º- Argentina; 7º- México; 8º- Jamaica.

Fonte: arquivo Barbosa 

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