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08/05/2015

Um LANÇADOR não É, ESTÁ - REFLEXÃO

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Um LANÇADOR não É, ESTÁ, por José Almeida, treinador português 

 

“O Curry, o Thompson, o Korver, são grandes lançadores!”

São?! Ou… estão?

Acredito que a excelência do lançamento tem que passar pela excelência das percentagens de concretização e,

por isso, tenho a forte convicção de que “um lançador de excelência” não se conjuga no verbo SER mas sim no

verbo ESTAR.

Entendo que para isso tem que haver uma técnica de lançamento excelente, uma leitura da situação e decisão

excelentes e uma versatilidade excelente.

Por técnica entendo a mecânica e velocidade de execução, não só no trabalho de braço e pulso mas também no

trabalho de pés, seja em paragem após drible (‘pull-up jumper’ sem ou com ‘step- back’), seja a partir da recepção

(1,2 ou ‘hop’), no trabalho de pernas (sempre suficientemente fletidas para poder subir ou arrancar em drible

logo após a recepção) e trabalho de tronco (ser capaz de se enquadrar na recepção ou paragem do drible após

sprint, por vezes até após a suspensão).

Por leitura da situação entendo a capacidade de percepção, mesmo antes da recepção ou durante o drible, das

relações entre si e:

- a bola

- o defensor directo;

- os outros defensores;

- os companheiros;

- o cesto;

Relativamente à decisão, considero que seja:

- a capacidade imediata de optar entre passar, penetrar ou lançar, de preferência ao mesmo tempo que recebe a

bola ou dribla.

Por versatilidade entendo a capacidade de ser um bom concretizador:

- em penetração até ao cesto (lay-up, floater,…);

- em suspensão a partir do drible (‘pull-up jumper’);

- a partir da recepção de um passe (‘jump-shot’);

- lançamento-livre;

Num atleta de alta competição a excelência não é um nível que se atinge (SER) mas um nível que se mantém

(ESTAR).

Acredito que, para atletas que já estão num nível razoável de competências, mais do que qualquer das outras

vertentes técnico-tácticas, é o lançamento e a sua percentagem de concretização, o que mais se recente da falta

de treino ou do treino inadequado.

Na minha opinião, em todos os treinos têm que estar planeados exercícios onde estão presentes duas áreas do

treino de lançamento:

- o ‘form-shooting’ (trabalho analítico da execução técnica);

- a ‘consistência’ do lançamento (‘game like’);

A percentagem da sua carga horária dentro da semana, relativamente ao trabalho total específico de lançamento

deve ser de modo a que a 2ª vá aumentando e a 1ª diminuindo conforme a semana avança, supondo que o jogo

será ao fim de semana, o que tem algum paralelismo com o seu enquadramento dentro da época.

(Estou, como disse anteriormente, a referir-me a atletas que dominam já, de forma razoável, os pré-requisitos do lançamento. De outra forma também

defenderia que a percentagem destas duas áreas dentro do trabalho total específico de lançamento fosse prescrita para cada atleta.)

Pré-Época Competição Pós-Época

´Form-Shooting’ 40% 25% 40%

Consistência 60% 75% 60%

segunda quarta sexta

´Form-Shooting’ 40% 30% 0%

Consistência 60% 70% 100%

(as percentagens apresentadas pretendem apenas ilustrar um conceito, não têm a pretensão de ter o rigor resultante de um estudo apurado e metódico.)

Pormenores que, na minha opinião, podem fazer a diferença, para melhor, dentro do trabalho específico de

lançamento dentro do treino são:

- competição (individual e entre grupos)

- registo (lançamentos feitos/lançamentos concretizados)

Relativamente ao registo, o ideal seria ser feito não apenas nos exercícios específicos mas também nas fases de

jogo dentro do treino.

Tenho consciência que, para isso, são necessários recursos humanos que nem sempre existem.

Uma forma de ultrapassar isso pode ser atribuir a cada atleta ou a cada grupo de trabalho a responsabilidade de

fazer esse registo. Não é o ideal mas é melhor do que não haver registo.

O objectivo do basquetebol é introduzir a bola no cesto. Tudo o resto, no ataque, são mecanismos que

pretendem ser facilitadores desse objectivo e não objectivos em si mesmo. Quero com isto dizer que por mais

elaborado, armadilhado, provado ou ‘na moda’ que seja o nosso sistema de ataque, se criarmos oportunidades

para lançar mas falharmos os lançamentos muito mais do que os marcamos, provavelmente vão ser mais os jogos

que perdemos do que os que ganhamos.

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