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28/12/2014

BASQUETE: FILOSOFIA DE TRABALHO, POR JOSÉ ALMEIDA, DE PORTUGAL

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JOSÉ ALMEIDA E SUA FILOSOFIA DE TRABALHO

Levei 25 anos a ‘construir’ a minha filosofia como treinador.
Penso que pode ser resumida pela frase ‘Os jogadores estão primeiro’ que, curiosamente, é o título do último livro (Players First) de John Calipari, um treinador de quem ‘bebi’ o sistema que adotei (com algumas pequenas adaptações) para as fases de jogo de Transição-Defesa-Ataque e Ataque em equipas que usem já jogadoras com funções específicas, normalmente as de ‘Rendimento’ (sub-19 e Seniores no feminino), o “Drible-Drive-Motion” – DDM (que foi também uma adaptação de Calipari ao “Attack-Attack-Skip-Attack-Attack” -  AASAA de Vance Walberg).
Este DDM responde totalmente a questões que me inquietavam ao implementar outros sistemas mais convencionais, que eram por exemplo:
- O tempo gasto para treinar situações meramente táticas e sem componente técnica, o que, do meu ponto de vista, não favorecia o desenvolvimento das jogadoras.
- O facto das jogadoras nestes sistemas mais convencionais terem a tendência para decorar e não para ‘ler e decidir’ como pressuposto para a ação a tomar.

- O facto dos ‘sets’ de ataque serem alvo fácil de ‘scouting’.

- O facto de a maior parte das equipas fazerem praticamente o mesmo tipo de ataques o que leva a que existam formas muito treinadas e eficazes de os defender.
- O facto de eu achar que o papel principal do treinador é mais no treino do que no jogo, onde os maiores protagonistas têm que ser os jogadores e não o treinador, gritando qual “a jogada” a ser executada, como um manipulador de marionetas.

No DDM os jogadores têm que estar em excelente forma técnica e técnico-tática e terem um muito bom QI basquetebolístico.
Têm que ser capazes de bater o adversário em 1x1 a partir do drible, têm que ser capazes ler e decidir se batendo o adversário vão finalizar ou assistir, têm que ser capazes de decidir, quando recebem um passe no perímetro, se devem atacar o ‘close-out’ ou lançar, têm que ser lançadoras consistentes de 3 pontos, de 2 pontos a 5-6 metros mas também de lançamentos-livres, uma vez que com um sistema que procura constantemente a penetração é muito provável que vão para linha de LL muitas vezes.
Treinos desenhados para desenvolver estas vertentes são treinos que, necessariamente, desenvolvem as capacidades técnicas e técnico-táticas atacantes dos jogadores.
Nas épocas 2012-13 e 2013-14, a equipa Senior que treinei usou este sistema (com algumas adaptações devido às características do plantel), sendo para todos, treinadores e jogadoras, uma primeira vez. Não posso dizer que os resultados desportivos tenham sido brilhantes, sendo que também não foram maus, mas fiquei com a nítida sensação de que, de facto, houve uma acentuada evolução técnica e técnico-tática da maior parte das jogadoras. Devido a diversos fatores não houve continuidade do grupo de trabalho por isso não pude, ainda, chegar a uma conclusão final sobre este programa.


O que penso que será importante para o basquetebol, pelo menos cá por Portugal, é que, independentemente do sistema que queiram utilizar os treinadores façam uma reflexão auto-crítica sobre os seus processos de treino e verifiquem duas coisas muito simples:

 

- estão a ensinar a jogar ou a “fazer jogadas”, isto é, estão a ajudar os seus jogadores a serem mais competentes, autónomos e inteligentes ou se estão a criar ‘autómatos’ que executam um encadeamento de ações pré-defindo independentemente do que se lhes depare pela frente.
- estão a ter um compromisso com o ensino ou com o protagonismo.

Na minha opinião, a melhor contribuição para elevar o nível do jogo é o desenvolvimento qualitativo dos jogadores , não a ‘importação’ das últimas modas táticas.

José Almeida

Treinador de basquetebol desde 1985-86,

sempre no Grupo Desportivo Bolacesto, Vila Nova de Gaia, Portugal.

Foto: Equipa Senior 2013-14 do Grupo Desportivo Bolacesto

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