ENTREVISTAS

SR. CHICO PROTÉTICO E A HISTÓRIA DO BASQUETE DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO

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FRANCISCO MARQUES DE REZENDE, técnico em Prótese  Dentária e jogador de basquete      

      Já com seus 10 anos de idade, ele já trabalhava em prótese dentaria e hoje próximo de completar 70 de profissão, o que acontecerá neste dia 04/04/12, e próximo também de seus 80 anos, (completará no dia30/07/12). E em sua oficina de trabalho, nesta semana, fui recebido pelo senhor Francisco Chico protético que além da sua profissão, contou uma verdadeira história de amor ao basquete.

            Ele e mais um grupo de amigos e uma vontade de jogar basquete, mas faltava um local para praticar. Resultado: construíram uma quadra, a lendária Recreativa, o berço da historia do basquete de São Sebastião do Paraíso, sua cidade natal.

            Ao som do sonoro canto do “Bernardinho”, seu curió de estimação, conversamos um pouco sobre basquete, que passo agora para você, meu leitor, uma história de quem já faz parte da história deste nosso esporte.

O basquete de Paraíso começou lá na Recreativa e o senhor foi um dos responsáveis por isso. Conte um pouco desta época

-  Antes disso daí tinha uma quadra na Maçonaria e depois foi feita uma na Escola de Comercio. Brincávamos de basquete lá e depois de um bom tempo, juntamos um grupo e compramos um terreno, fizemos uma quadra que por sinal, está sendo destruída hoje. Essa quadra, se não me engano, pertence à família Orlando Muschioni, e assim foi passando o tempo e não tínhamos mais condições de manter a quadra. O tempo passou, ou seja, nós passamos e tivemos que dar um jeito nele e fizemos uma doação ao Clube Paraisense com um ligeiro compromisso de fazer uma quadra coberta, já que o clube tinha necessidade de um novo salão de baile. E o clube fez a quadra que está até hoje.

            O time da cidade foi desmanchando por causa da idade, alguns jogadores foram estudar fora e por lá ficaram. Quando nas férias, encontrávamos e fazíamos um time novo mas durava pouco. Até chegar a essa época à de hoje, eu trabalhei de prótese e não tinha mais tempo, eu trabalhava no mínimo, 12, 13 horas por dia e tive que deixar o basquete também. Quando a prefeitura resolveu plainar a praça de esportes, fizeram uma quadra onde eu fazia parte da diretoria, depois por uma questão de controvérsia, eu saí de lá também, mas já não jogava mais.

            Até chegar aos dias de hoje, quando a prefeitura fez este ginásio maravilhoso, pena que a cidade não tenha um time de basquete da cidade.

            A cidade cresceu bastante, mais do que o dobro daquela época, só que deveria ter um time como nós tínhamos naquela época. Nosso time representava Paraíso em toda região, hoje nós vamos assistir jogos lá no Centro Olímpico que é uma quadra realmente magnífica.

            Tenho que cumprimentar essa turma que fez este Centro Olímpico, hoje a gente ter alegria de ver os atletas jogarem num belíssimo ginásio, e temos que bater palma para quem saber fazer maravilhas como é este nosso ginásio.

O senhor já jogou até contra o Hélio Rubens, conta um pouco como foram esses momentos?

            Nós jogamos contra Franca duas vezes, aqui e lá. O time era chamado Clube dos Bagres, e hoje o ginásio Pedrocão, é uma homenagem ao grande treinador Pedroca, dessa época pessoa com tive oportunidade de conversar muito com ele. Uma equipe muito forte a de Franca, Hélio Rubens com mais dois irmãos e até fiquei surpreso quando aqui o Hélio esteve e lembrou-se de mim, conversamos por bom tempo, muito gente boa ele.

            Nessa época tinha muita gente boa e jogava sem vaidade. Embora hoje houvesse mudanças nas regras, mas a única coisa que não gostei, foi de poder usar o corpo, já que naquele tempo não podia, o resto das regras mudadas, favoreceu demais, o jogo ficou mais bonito, bom para se ver, bom prá tudo menos o corpo porque quem é mais pesado leva mais vantagem. Quando um jogador leve encontra um paredão pela frente, leva desvantagem, tirando isso o basquete ficou uma maravilha.

Quais os adversários mais difíceis que teve?

            Franca foi sem dúvida o mais difícil. Enfrentamos Batatais, Cajuru, Guaxupé, Passos, essa região toda. Passos por exemplo, tinha um time muito bom, formado por alguns moços de fora que trabalhavam lá

Paraíso conseguiu levar alguma vantagem contra Franca?

            Não perdemos todas, mas eram sempre grandes jogos. Participamos também de jogos Abertos em Franca.

Nessa década de 50, os aspectos técnicos do basquete eram diferentes aos de hoje?

            Mais ou menos igual, o basquete é um jogo de inteligentes, tem que haver inteligência porque numa fração de segundos, numa vacilada, você perde a jogada. Melhorou com a cesta de três, que antes não tinha, os 24 segundos de posse de bola uma grande mudança que favoreceu o basquetebol.

Qual sua vitória mais importante de sua carreira?

            Eu joguei em todas as posições, dependia do adversário, o melhor jogador adversário, era eu quem marcava, tinha sorte de arremessar bem da zona morta, tinha partida, por exemplo, nossa equipe fez 56 pontos, eu fiz 28, a metade e sempre marcando o melhor jogador adversário. Velocidade, raciocínio bom e os companheiros que ajudavam muito.

            Sinceramente não tenho recordação da mais importante, tive sim quando fazia a metade dos pontos da minha equipe eu ficava feliz. Mas no basquete não tem individualidade, tem conjunto. São cinco homens jogando e ninguém pode ter vaidade, cada um tem que pensar nos outros quatro e aquele que tiver melhor colocado é sempre o preferido. Eu tive grandes companheiros não vou citar muitos nomes, vou citar um que talvez foi o melhor com quem joguei aqui  Jerton da seleção universitária brasileira, que jogava com a gente, depois o jogador que mais admirei foi o Mario Serra, que infelizmente, não está entre nós mais. Era um verdadeiro artista, um paraisense que jogou na seleção de Campinas.

A marcação era mais individual ou por zona?

            Dependia muito do adversário. A marcação por zona, é muito boa. A gente fazia um quadrado e funcionava bem desde que o adversário não tivesse bons arremessadores de longe.

Vi aqui nesta arena, um jogador sub-15 de Franca, fazer uma enterrada num jogo, como o tempo mudou

            Não é o tempo que mudou, fomos nós que mudamos. No meu tempo, eu tinha 1,52m, hoje nem isso tenho mais, tinha jogador de 1,80m, o Geraldo Rodrigues, com mais de 1,80m então na verdade altura não era fundamental, usávamos a velocidade e quem estivesse melhor colocado, fazia a cesta.

Como o senhor vê o atual momento do nosso basquete brasileiro?

            Creio que ainda não atingiu o nível de outras épocas não. Não sei se os outros melhoraram tanto e o nosso ficou para trás, a Argentina foi um fenômeno, mas hoje não ganha do Brasil mais os Estados Unidos são os pais do basquete  eles procuram levar todo grande atleta prá lá pois enxergam o mundo não apenas como hoje e o amanha, como nós, eles enxergam o mundo daqui a 30, 40, 50 anos, porque todo atleta, não importa sua modalidade, levam esses grandes nomes para lá porque a descendência deles, trará grandes outros atletas também

É possível citar o melhor jogador brasileiro de todos os tempos?

            O Oscar foi uma bandeira no nosso basquete. O Angelim, que jogava no Corinthians, um cestinha fenomenal, o Hélio Rubens um técnico de inveja, em todos os times que dirigiu tinha sempre jogadas incríveis em jogos apertados e no final da partida, tinha sempre a jogada que decidia.

Uma mensagem para quem gosta de basquete.

            Toda criança deveria jogar basquetebol. É um jogo complicado no inicio, mas depois que pega entrosamento, aí ele vai longe, passa adorar o basquete. No começo, é uma dificuldade imensa, mas depois as coisas se tornam mais fáceis, no basquete, não só ajuda a parte física, mas principalmente, a parte mental, destaca aquele que é bom na matemática 

FOTOS: a principal SR CHICO e da destruição da Recreativa - CHUÁ MARCOS

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