CLAUDIA COMODARO, ÁRBITRA INTERNACIONAL, EM ENTREVISTA EXCLUSIVA
CLAUDIA COMODARO: APITOU A FINAL DA COPA AMÉRICA DE CANCÚN
De longe, lá dentro da quadra, trabalhando em um jogo masculino, parece uma menininha em forma de um maestro a comandar o mais belo espetáculo da terra: o basquetebol. Ao se aproximar dela, nos momentos da sinalização para a mesa, juntamente com todo o seu conhecimento sobre a modalidade, digna mesma de seu título: uma juíza aparece seu lindo sorriso. Ela consegue um sorriso e gesto enérgico ao mesmo tempo quando se faz necessário dentro de sua profissão.
Em competições internacionais, é de praxe, um árbitro não trabalhar num jogo em que seu país está atuando. Esse costume vai se estendendo até nossas mais competições caseiras. Mas com esta moça não aconteceu exatamente assim. Ela que começou a jogar basquete com sete anos de idade, mas ainda em sua adolescência se encantou com o mundo do apito, do basquete.
E foi assim que aquela menina, nascida na cidade de Franca SP, uma cidade que respira o esporte da cesta, onde qualquer desconhecido torcedor sabe torcer, conhece as regras e de forma alguma, não tolera o erro da arbitragem.
Aquela menina francana que tão cedo trocou a bola pelo apito, não abandonando a quadra de basquete. Formou-se e Educação Física
Agora, árbitra internacional e atuou na final de uma Copa América, a Copa de Cancún, esta sua escalação é um atestado de sua competência, sua honestidade e capacidade dentro do que faz.
Esta bela jovem e seu maravilho sorriso que parece ecoar pelo silvo e que chega até acalmar corações dos envolvidos na contenda.
Esta é Maria Cláudia Comodaro Moraes, destaque da arbitragem internacional, em entrevista exclusiva.
Claudia como você se sente em atuar em mais uma competição internacional e apitar a final desta Copa América?
Na verdade esta foi a minha primeira competição internacional. Fiquei extremamente feliz e ansiosa desde a convocação. Comecei a estudar e trabalhar ainda mais e quando cheguei a Cancún, tinha um único foco, que era fazer um bom trabalho. Quando recebi a escala do último dia e vi que estava na final, foi um momento inesquecível. Coração bateu a mil, fiquei feliz e sabia que a responsabilidade aumentaria. Apesar de ter a consciência que todo jogo é importante, independente se é disputa das últimas colocações ou da primeira, arbitrar uma final acaba sendo o sonho de qualquer árbitro. E viver esse momento na minha primeira competição internacional foi sensacional.
Faça um resumo de sua carreira como árbitra, desde quando começou até ao destaque internacional dos dias de hoje?
Comecei a trabalhar como árbitra após fazer um curso na cidade de Uberlândia, realizado pela federação mineira de basquetebol em 2009. Logo de início, graças a Deus, tive boas oportunidades onde pude estar conviver e aprender com pessoas do mais alto nível da arbitragem brasileira em competições estaduais e nacionais. Posso dizer que tive ótimos professores e amigos que me orientavam da melhor forma. Assim, as portas foram se abrindo, e após trabalhar em 4 campeonatos brasileiros de base, fui escalada primeiramente na Liga Feminina de Basquete em 2011 e no mesmo ano, na Liga de Desenvolvimento de Basquete e no NBB. E assim foi nas temporadas seguintes. No final de 2012, fiz o teste para árbitro internacional, realizado pela FIBA em SP, onde recebi a aprovação tão esperada. Neste ano de 2013, fui convocada para a Copa América sub-16 feminina e antes de viajar, recebi outra grande surpresa, que foi o prêmio de árbitro revelação do NBB.
O jogo, a cada vez mais rápido o contato físico é inevitável, como o árbitro administra tudo isso bem como as faltas de ataque ou de defesa, tudo isso em alta velocidade, qual a maior dificuldade para apitar um jogo?
Acho que em qualquer profissão, o “estar bem preparado” é essencial para cumprir sua tarefa. Na arbitragem, o estudo das regras, de vídeos, o preparo físico tem que estar em dia para conseguirmos decidir tão rapidamente um lance, por isso um bom posicionamento é imprescindível para ter certeza do que está apitando. A dificuldade, portanto, é se preparar para poder enfrentar as mais adversas situações com tranquilidade.
Você apita no NBB e agora um sub-16 feminino, tem alguma preferencia?
Não tenho preferência. Amo basquete, seja em qual categoria for, seja um jogo adulto ou um sub-13 sempre quero fazer um bom trabalho.
Um fato curioso em sua carreira
Um torcedor, que ao invés de me xingar, o que é normal escutar nos jogos, me convidou pra sair... rsrsrs.
Das partidas em que vi você atuar, seja nesta Copa de Cancun e até mesmo, jogos dos “gigantes” do NBB, nunca vi você ser desrespeitada nem por atletas, nem por torcedores, vi você ser aplaudida, agora eu pergunto: já foi “cantada” alguma vez, durante uma partida?
Já!! Rsrs... Foi por um técnico, mas é claro que não vou citar nomes.. rsrs.. As vezes tem uma brincadeirinha ou outra, mas eu sempre tento sair da melhor forma, sem ofender, mas impondo respeito.
Seus planos para os próximos anos?
Estudar, trabalhar e estudar e trabalhar cada vez mais. Esse é sempre meu objetivo. O árbitro tem que estar em constante aprendizado, por mais que saiba tudo, sempre tem um instante que você aprende alguma coisa. E assim, as conquistas vão acontecendo, se você faz um bom trabalho, as escalas vão surgindo e seus sonhos vão sendo realizados.
COMPETIÇÃO DE TRÊS PONTOS
Uma cidade – aquela que sou bem recebida
Um país - Brasil
Prato preferido – costelinha de porco
Um sonho realizado – arbitrar uma final adulta masculina (Final do Campeonato Mineiro), final da LDB e final de uma competição internacional (Copa América sub-16)
Um sonho a realizar – Campeonato Mundial e Olimpíadas
Um ídolo no basquete – Michael Jordan
Imprensa – Chuá Marcos
Um homem bonito – meus sobrinhos (Lucas e Gabriel)
Um livro – A Cabana
Um filme - Um lugar chamado Notting Hill
Amor - mãe
Amizade – essenciais. Graças a Deus, posso dizer que tenho muitos.
Deus - tudo
O que você mais gosta – de estar com meus amigos e família
O que mais detesta – injustiça e mentira
A cesta mais certeira de sua vida – colocar em prática todos os valores que minha família me ensinou.
Claudia, quero que deixe uma mensagem para meus leitores
Tenho certeza que seus leitores, assim como eu, são apaixonados por basquete. A mensagem que tenho, é para que façamos esse esporte crescer cada vez mais, seja praticando, trabalhando ou divulgando tudo que acontece dentro do basquete. Estamos vivendo um momento muito bom, com novas competições, seleções e jogadores se destacando e temos que ter a consciência que tudo é um ciclo, que a renovação é feita constantemente. Portanto, por menor que seja nosso gesto, quem sabe despertamos o interesse de um futuro grande jogador ou até mesmo de um grande árbitro.