THAYS SAYWRY, SELEÇÃO BRASILEIRA ESCOLAR; PROCURANDO UM CLUBE PARA JOGAR
Thays Saywry da Silva Araújo,19 anos 1.84 de altura, paulista de Guarulhos, é uma típica atleta, jogadora de basquete do Brasil que ama com todas as forças este esporte, mas no nosso país, que acaba de sediar uma Olimpiada, treina sozinha e viaja de cidade em cidade, a procura de uma “pelada” de basquete, mas ainda sonha alto: quer encontrar uma equipe pra jogar.
Acompanhe um incrível caso de quem ama o basquete, e luta contra todas as adversidades, entre elas, morar debaixo de arquibancada, passar fome, levar um soco....
E mesmo assim Thays, está no seleto grupo de atletas que têm um Mundial em seu currículo: TURQUIA 2013
Thays, quero que você fale um pouco de sua carreira como jogadora de basquete
Eu iniciei o basquete com 10 anos na escolinha que havia em Iracemápolis, um projeto com cerca de 500 crianças entre meninos e meninas.
Esse projeto teve um termino então fiquei parada um ano.
Voltamos em 2010 apenas com o basquete feminino, continuei da equipe de Iracemápolis até 2013 pois participamos de um campeonato que acontecia em Estrela D’ oeste comandado pelo Coutinho na época conheci uma equipe Paulista que tinha o nome da escola Geraldo Campos na zona leste de SP e então tive a curiosidade de saber mais sobre elas era um time realmente bom e pensei porque não tentar fazer parte delas é conseguir conquistas maiores conversei com o técnico Marcelo Gomes e mantivemos o contato para esclarecer quaisquer dúvidas sobre onde eu iria morar e estudar depois de muito insistir meus pais permitiram minha ida pra SP aos 14 anos pra 15 anos
Foi na equipe do professor Marcelo que tive a oportunidade de conhecer a Federação Paulista, fomos campeãs invictas no sub 15 era o time dos sonhos eu morava na casa de uma das meninas escola na parte da manhã e treino a tarde e a noite, pra mim era tudo diferente os treinos eram mais intensos mais pegados era difícil existir folgas kkkk. Meus pais ajudavam com uma pequena renda pra manter a minha alimentação na casa de umas das meninas nada foi fácil longe de casa com 14 anos cheia de responsabilidades às vezes pensei se todo aquele esforço valia a pena, pois não tínhamos ajuda de custo nem patrocínio só o amor por esse jogo é a vontade que nos movia.
Conquistamos ouro em 2011 no Paulista
No ano de 2012 foram grandes as conquistas participamos dos jogos escolares e fomos campeãs em 2012
Sendo assim o campeonato escolar da um passaporte ao primeiro lugar pra participa de um sul Americano comandado pela cbde ( confederação do desporto escolar ) e novamente campeãs em Rio Grande do Norte ainda no ano de 2012
Acabamos o ano bem, já com uma grande responsabilidade em mente que era os jogos da jeesp
2013 chegou e como fomos campeãs invictas no sul Americano tivemos o convite da jeesp de participa de um brasileiro escolar acontecido em Lindoia no ano de 2013 o campeão iria participa do mundial que aconteceria em Cyprus na Turquia pra mim era mais que especial sai do Brasil cm 15 anos pra conhecer o outro lado do mundo fazendo o que mais amo era mais que especial, mas a estrada pra chega lá não foi fácil tinha equipes boas com o mesmo desejo que o nosso rival era o Rio de Janeiro , ganhamos de Maranhão , Minas Gerais , e a final contra o grande Rio foi um jogo muito difícil as meninas eram mais velhas e bem mais altas porém nosso time foi centrado e conseguimos a vitória por apenas 6 pontos de diferença quando o jogo termino comemoramos muito com o pensamento de Turquia aí vou eu
No fim de 2013 fomos a Turquia participa do mundial. foi maravilhoso conhecer outro país outras culturas todas ligadas à uma coisa só que era o basquete lá ficamos em 5º lugar perdemos para grande Alemanha o que fez a gente ser segunda da chave e perde a chance de disputar os primeiros lugares
Após nossa ida pra Turquia voltamos ao Brasil, como o time dos sonhos tivemos homenagens até uma matéria saiu no jornal falando sobre nossa ida a outro país através disso o nome da equipe cresceu teve patrocínio e nossa equipe deixou de jogar por Jacareí e passou a se chamar dna basquetebol
Porém não permaneci na equipe porque havia grande pressão do técnico os treinos passaram a ser mais que intensos não via muito minha família e minha fase veio a regredir como todo atleta tem sua má fase eu tive a minha a pressão estava cada vez maior até que decidir voltar pra casa meses depois a equipe acabou o professor Marcelo foi acusado de pedofilia e abuso sexual umas das meninas surto com a pressão e então jogo as cartas na mesa e conto tudo o que passava olha foi a experiência mais triste que tive e então perdi uma certa confiança do meu pai em poder sai de casa para arruma outra equipe fiquei sem esperanças. Tive a sorte de Iracemápolis retorna com o basquete em 2014 e então pude voltar aos treinamentos
Recebi um convite de Araras apra jogar lá, eles davam alojamento alimentação e uma possível bolsa na Uni araras
Então fui, meti a cara novamente, quem arrisca não petisca não é mesmo, fui sonhando com uma mudança porém não era nada disso
Cheguei a morar debaixo da arquibancada eu e mais três meninas que também tinha o mesmo sonho
Porém continuei me esforçando lutando treinando sem aquelas cuidados que um atleta precisa realmente
Pensando que uma hora vai da certo
Não vou negar que Araras foi um time difícil de continuar por essa falta de ajuda e incentivo; poxa morar debaixo de uma arquibancada cercada de promessas que talvez nem fosse acontecer, mas mantive a fé, treinava forte minhas média de pontos nos jogos cresceu muito fui colocada como capitã com o passar do tempo mudamos para um apartamento no centro da cidade coisa simples sem muitos móveis e nem uma alimentação que devíamos ter, mas a vontade e amor fez de mim mais forte e então permaneci mesmo sem muitas boas condições
Em dia de treinamento tive um desentendimento com o técnico, pois estava difícil estar naquelas condições sem muito ter o que comer e então discutimos ele estava mais do que estressado e eu esgotada por fim levei um soco no rosto ainda pela falta de tolerância da parte dele foi o cúmulo pra eu fazer tudo o que fiz, treinar como uma loca e ainda ser agredida por um técnico naquele mesmo instante as meninas do time correram pra me ajudar
Ele veio com o pedido de desculpas pra mim depois do ocorrido, mas o grande problema era se eu ia abrir a boca pra fala a verdade ou ia esconder toda a história para o secretário do , jogar a poeira pra baixo do tapete e continuar pois bem foi o que fiz eles me pediram um papel contando o que houve naquele dia o soco que recebi passo a ser um empurrão e uma discussão qualquer
Fiz minha mãe assinar uma papelada alegando que ela estava ciente disso
Porque eu era menor
E então deu certo, a equipe continuou, mas eu? Eu fui mandada embora semanas depois e o cara de pau ainda me trouxe embora disse que eu estava dando trabalho lá. Pra mim foi o fim sobre o que ele fez não conto nada só jogo minhas malas aqui disse que eu não servia mais viro as costas e foi
Foi então que ali pensei pra mim acabou o que eu vou fazer agora não tenho apoio nem dos meus pais mais
Meses depois que eu disse o que eu realmente passava lá
Abri o jogo com meus pais sobre a falta de uma ajuda ou incentivo ao esporte ao time nosso
Foi então que vi que estava sozinha sem time sem ajuda sem nada apenas a coragem e o sonho dentro de mim
Treino sozinha desde então corro 6km todos os dias me entrego em séries de abdominais tríceps
Bato bola sozinha procuro rachões nos fim de semana
Participei dos regionais por Caraguatatuba esse ano, no ano passado por socorro e quando posso treino com a equipe de Santa Bárbara outra vez com a de Rio Claro
Corro atrás do que consigo
E assim vou indo até eu conseguir algo
Quem foi sua inspiração para que tornasse uma jogadora de basquete?
Quem me inspirou foi meu irmão ele jogava e me apresentou o basquete e desde então não parei mais
Em sua carreira, qual foi sua partida inesquecível?
Uma partida inesquecível foi contra presidente Venceslau perdemos de três pontos no último minuto a filha da técnica não tinha feito uma bola o jogo todo, mas nos últimos segundos meteu uma bola de 3 da lateral direita, lembro como se fosse hoje
O basquete já deixou você triste alguma vez?
O basquete não me deixou triste em nenhum momentinho, só me trouxe aprendizados o que me deixa triste talvez a falta de incentivo de acreditar que o esporte traz disciplina e muda as pessoas.
No momento você está sem equipe, quais as maiores dificuldades que você já encontrou pra jogar basquete?
As maiores dificuldades foram morar debaixo da arquibancada não ter o que comer às vezes, perde jogo por falta de transporte saber que há pessoas que usam seus sonhos pra ganhar dinheiro de alguma forma e depois deixam você para trás
O que mais falta ao nosso basquete para sua melhoria total?
O que falta no nosso basquete e o incentivo. Poxa há muitos talentos meninas realmente boas porém, nem todas tem condições de se manter em uma outra cidade ou conseguir escalar treino faculdade e trabalho
Como você organiza seus horários do dia a dia, como treinar, jogar, estudar, passear...
Bom eu corro 6km a 4km de segunda a sexta feira faço abdominais e flexões as segundas e quintas tem um rachão no ginásio da cidade com a galera que gosta e já jogo basquete então eu participo pra treina um pouco com bola já que não existe muitas quadras livres pra isso
E aos fins de semana, vou pra Piracicaba ou Limeira procurar mais rachões pra mim participa, a maioria deles são homens mas pra mim é até melhor pois treino ainda mais forte
Nas competições que já disputou, quais os principais pontos positivos que encontrou? E os negativos também
Os pontos positivos a galera indo prestigiar o basquete você olha a arquibancada cheia e pra mim é satisfatório já um ponto negativo e o reconhecimento exemplo não houve premiação a grande maioria dos atletas nos jogos regionais
Nunca participei de nenhum 3x3
COMPETIÇÃO DE TRÊS PONTOS
Um país EUA
Um sonho realizado - ter ido pra fora participa de um campeonato de basquete
Um sonho a realizar - encontrar uma equipe em que eu possa crescer como atleta e pessoa me forma fazendo o que gosto
Um ídolo no basquete - Kevin Durant não por ser o melhor da NBA atualmente, mas pela humildade e reconhecimento e pelo respeito à sua família e a sua mãe que o ajudou e acreditou nele até o final
Um homem bonito - Stephen curry
O que você mais gosta de pessoas verdadeiras
O que mais detesta - Odeio mentira
A cesta mais certeira de sua vida - A cesta mais certeira na ponta do garrafão do lado direito com contra a equipe de São Sebastião nos jogos regionais desse ano, chutei em cima de uma pivô mais alta que eu foi cesta e mais um lance ainda esse dia foi show
Thays, uma mensagem
Uma mensagem, não desistir mesmo que alguém ache tolo treinar e treinar trocar prazeres da juventude por algo que se quer futuramente buscar até não poder mais se vai dar certo ou não a gente não tem certeza, mas terá em mente o pensamento de que eu tentei eu busquei até onde eu pude.
Thays, obrigado por sua atenção em conceder-me esta tão valiosa entrevista, e fico na torcida que em muito breve, você realize seu sonho.