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07/09/2017

CBB projeta "Cidade do Basquete" e quer ficar atrás apenas do futebol

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Diante de cenário desafiador e com dívidas de R$ 46 milhões, entidade tem parceria adiantada com Jundiaí por instalação de R$ 32 milhões e quer apresentar patrocinador master em três semanas

Por Thierry Gozzer, Rio de Janeiro

A estrada ainda é longa, mas a nova gestão da Confederação Brasileira de Basketball começa a encontrar o caminho a seguir. No próximo dia 10 de setembro, a Chapa Transparência completa seis meses à frente da entidade, e nesta quarta-feira, 6, apresentou seu plano estratégico 2017/2020. A meta é ambiciosa. Buscando parceiros, a CBB espera recolocar o basquete como o segundo esporte dos brasileiros, ficando atrás apenas do futebol. No quesito governança, fechou parceria com a BDO auditores, empresa que acompanhará todo o trabalho interno. Ao mesmo tempo, foi ao mercado atrás de um patrocínio master, que pode sair em três semanas, e também de "limpar" o nome do basquete brasileiro, afundado em dívidas que somam R$ 46 milhõesmesmo depois de receber R$ 53 milhões de patrocínios durante o ciclo 2012-2016.

- O basquete tem um potencial imenso no mundo e no Brasil. Temos 35 milhões de fãs aqui, e somando todas as possibilidades da modalidade, o basquete pode gerar até R$ 2 bilhões no mercado, somando NBA, NBB, CBB, etc. Claro que após grandes eventos, como a Olimpíada, o cenário é sempre de queda de investimento em marketing, mas vamos recuperar imagem e marca para queremos depender cada vez menos de recursos públicos, desmamar mesmo, esse é o termo - garantiu Ricardo Trade, diretor sênior de operações da CBB, lembrando que todas as ações futuras dependem também da confirmação de patrocínios e outras parcerias.

Entre os sonhos até o fim do quadriênio está a construção da Cidade do Basquete. No local estariam reunidos o CT das seleções brasileiras, outras instalações ligadas à modalidade e inclusive um Museu do Basquete. Jundiaí, no interior de São Paulo, saiu na frente para ser a sede do projeto. A prefeitura local garante ter a verba de R$ 32 milhões, aprovada junto ao Ministério do Esporte. Ribeirão Preto e Sorocaba, também em São Paulo, são outras candidatas. A vontade é que em 2019 a ambição saia do papel, sem nenhum custo financeiro à CBB.

- Não vamos gastar um centavo da CBB. Esse é um projeto em parceria, e neste momento quem está mais avançado é Jundiaí. Seria um local com todos os sonhos do basquete. O CT, o museu, e outras instalações. Estamos trabalhando. Conversando com patrocinadores. Esperamos fechar o patrocínio master em três semanas, estamos resolvendo a questão com a Eletrobrás, do processo que temos, e organizando a casa - explica Carlos Roberto Fontenelle, secretário-geral da CBB, lembrando que a entidade negocia com a própria Eletrobrás e Bradesco para voltarem a patrocinar o basquete brasileiro.

Convocação para as eliminatórias em setembro

De volta à quadra em agosto, o Brasil decepcionou. Na Copa América feminina, ficou longe dos primeiros lugares e eliminado do Mundial do ano que vem. E entre os homens caiu na primeira fase, ficando fora do Pan de Lima, em 2019. Nesta semana, a direção da CBB recebeu os relatórios finais das comissõe técnicas e irá avaliar os trabalhos de César Guidetti e Carlos Lima. Ambos não estão garantidos nos times masculino e feminino. No dia 24 de novembro, o Brasil estreia nas Eliminatórias para Copa do Mundo. O jogo será diante do Chile, fora de casa. Três dias depois, o time joga a primeira em casa, contra a Venezuela, provavelmente em Belém, no Pará.

- Negociamos com três cidades, mas é bem provável que o jogo seja em Belém, na estreia das Eliminatórias. Para a segunda janela em casa, em fevereiro, negociamos com o Rio de Janeiro e interior de São Paulo. São os locais mais prováveis - explica Fontenelle, dizendo que todos os atletas contactados, como Faverani, Raulzinho, entre outros, mostraram interesse em jogar pela seleção nas Eliminatórias.

Repasse financeiro do COB é normalizado

Durante os primeiros quatro meses, a CBB diminuiu seus custos e pessoal, passando a funcionar normalmente. Nos cálculos, em quatro anos a economia com os cortes chegará em R$ 8 milhões. Até 21 de junho, a confederação estava suspensa pela Federação Internacional de Basquete. De volta, ainda segue acompanhada de perto pela Fiba, mas não há mais o temor de que a punição voltará, apesar da indicação ainda não ter sido dada. Para citar a noção do cenário de "terra arrasada", a CBB encontrou troféus deteriorados em um depósito no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Todos foram resgatados e serão restaurados.

- Nossa austeridade será total. Criamos um sistema de gestão de viagens, de ética e de contratação de serviços. Tudo será muito claro. Somos obrigados a ter estabilidade financeira. Os patrocinadores estão preocupados com a excelência e caso a CBB não feche nenhum parceiro até o fim do ano, caso não entre nenhum dinheiro além do COB, vamos fechar o ano com apenas R$ 10 mil na conta. Todos os passos serão acompanhados pela BDO auditores, que vai trabalhar aqui dentro da CBB - frisa Fontenelle.

Com apenas R$ 100 mil mensais do contrato com a Nike, o "respiro" veio com a resolução da pendência com o Comitê Olímpico Brasileiro quanto a Lei Agnelo Piva, que repassa verbas das Loterias Federais. Nos últimos três meses, a CBB pagou suas contas através desses repasses. A parte esportiva passou a ser atacada a partir do fim da suspensão, há dois meses. Nas próximas semanas, a CBB lançará sua plataforma online de registro de atletas, como acontece no futebol, por exemplo. Ali jogadores serão inscritos e será possível ter um Raio-X do basquete no país. Para o próximo ano, a intenção é retornar com os Campeonatos Brasileiros sub-13, 15, 17 e 19, além de um torneio sub-21. Ainda neste ano, a seleção brasileira sub-14 jogará o Sul-Americano.

A principal preocupação é atacar o basquete feminino, hoje um problema para a CBB. De acordo com a entidade, é preciso aumentar a detecção de talentos e massificar a prática entre as meninas. Para se ter uma ideia, a confederação tentou fechar um torneio sub-18 entre as mulheres e não conseguiu.

- Fechamos em todas as categorias, mas foi impossível fechar o sub-18 feminino. Não tem time. O basquete feminino no Brasil acaba aos 18 anos. Por isso é importante parcerias com Universidades, clubes e outros segmentos para que mais meninas continuem jogando e assim possamos ter um manancial de valores para retirar as futuras atletas do adulto - conta Fontenelle, lembrando que a CBB acompanha de perto um fenômeno novo de jogadoras que ainda na idade escolar rumaram para treinar e morar nos EUA.

Outras ações da CBB

- Criação do Circuito Nacional de basquete 3x3
- Reabertura da escola nacional de árbitros e técnicos
- Criação dos Centros Regionais da base 
- Criação da Universidade do Basquete 
- Formatação de uma ouvidoria profissional 
- Reafirmação da marca da CBB com novo site e redes sociais 
- Recuperação da imagem do basquete brasileiro junto ao público e empresas 
- Realinhamento da relação com a LNB, responsável pelo NBB 
- Alteração do estatuto, dando poder de voto a técnicos, clubes e atletas 
- Volta dos campeonatos brasileiros sub-13, 15, 17, 19, de clubes e seleções estaduais

Fonte: GLOBO ESPORTE

Colaboração : Rodrigo Garcia

Foto - Ginasio Guilherme Paraense em Belém PA

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